segunda-feira, 5 de abril de 2010

"A ordem é pra liberá geral"

Ah, porque se o Link diz que é um gato, então a gente acred... Epa! O Link "diz"?! Você, seu farsante! Você não é Link coisíssima nenhuma! Você não pode me enganar, Ganondorf!


Vem aí Iron Man 2?! Nossa, cara, eu sou fã de Iron Man! Tem previsão de lançamento? Não? Só disseram que vai sair ainda este ano? Ta certo. Vai ser 3D?! Sério?! Noss... hein? "Por que essa pergunta?", como assim? "Que nem o último"? Mas o último não foi 3D... Como assim, foi?! Eu assisti o bagulho... Ãh? Não é o de assistir? É o de... jogar? Aff... E você perde meu tempo pra me avisar isso? Hein? Claro que eu sou o Pepito! Foi você que ligou pra minha casa, você devia saber com quem está falando!... Ahãm, claro que eu gosto de games. E daí?... Ahãããm... E daí que Iron Man 2 é game? E eu sou obrigado a gostar de qualquer tralha que tentam me socar goela abaixo só porque apelidaram isso de game?... Como assim, "não é tralha"? Ah, você está falando de Iron Man? É, Iron Man é demais, mas game do Iron Man é tralha... Que? Ora, e daí que ainda nem saiu? Eu não preciso jogar o troço pra saber que vai ser ruim... Não, meu, eu num tô rogando praga. Só estou constatando a verdade. Jogo feito a partir de filme carrega sina de ser ruim. Foi assim com mais do que dá pra falar sem torrar seu precioso dinheirinho com contas de telefone no final do mês... Hein? Ah, você acha que eu estou só fugindo do assunto? Beleza, então. Presta atenção:

Você que curte HQs, Spider Man é um dos poucos que se salvam nos games. Claro, tem uns bons, tipo o Friend or Foe (eu acho bom, pelo menos. Há quem discorde) e o Ultimate Spider Man, mas lembre-se que esses não são games feitos a partir de filmes. Os jogos do Aranha feitos de filmes, o 1, o 2 e o 3 estão surpreendentemente acima da média de jogos a partir de filmes. Até divertem.
O mesmo com o Hulk, que, coitado, só tem um game baseado em filme que merece citação real: The Incredible Hulk (nome criativo...), pra PS2. Mas como o Hulk também só teve um filme nos tempos recentes, dá pra dizer que é o que se saiu melhor. O seu (e o meu) amado Homem de Ferro só saiu num game mixuruco, muito do vagabundo mesmo, onde o que mais divertia era voar e ouvir a música tema de Iron Man. Porque atirar fogo quadrado de polígonos toscos, socar inimigos que parecem fazer parte do cenário de tão imóveis e sem reação que são e destruir obstáculos porcos com dezenas de ataques, todos praticamente iguais, não está à altura nem sequer do mais baixo vôo rasante da lendária armadura vermelha e amarela.
Os jogos do Super-Man nem se fala, e os do Batman só são realmente divertidos na forma Lego. O jogo do filme até que é interessante, mas sem dificuldade e, após um tempo, repetitivo. Nem se compara o Cavaleiro das Sombras na tela do cinema e na da sua casa (é, eu quero dizer como game, não como esses DVDs piratas que tomam espaço de coisas mais úteis e legalizadas).
Dos games feitos de filme dos X-Men, pobres deles, só servem mesmo é para alimentar a ira de mano Wolver. Pelo amor de Deus, nem o Professor Xavier com o auxílio do Cérebro conseguiria apagar a minha ângústia para com todos os títulos a partir de filme da série. Wolverine's Revenge é uma até que grata mostra de que nem tudo está perdido - mas como não é uma adaptação dos cinemas...
Ah, e o Quarteto Fantástico, bem... ah... Ah, então, e o Motoqueiro Fantasma... bom, até que quebra o galho... se você não puder comprar God of War, isso é, porque o game do Phantom Rider só se salva nas lutas com os movimentos acrobáticos com a corrente, o que Kratos faz duas vezes melhor, com direito a outras armas (certo, ele não tem uma 12, e sim, não se pilota motos em GoW, mas as fases de motos bem que só serviam de filler... Enfim).


Kity e Protagonista Malandro Anos 70 Cujo Nome Eu Esqueci vieram provar que filmes podem sim virar jogos (bons)!
Mas, sabe... o GPS do carro quebrou, e... a suspensão precisava ser trocada, então... Fica pra próxima, cowboy.




Cansou de me ouvir aniquilando suas HQs amadas? Eu também cansei de ver as produtoras de games fazendo trabalhos porcos com as MINHAS HQs amadas. Vamos mudar de exemplos, então? Que tal as adaptações do filme Coraline... tá bom, vamos parar com exemplos desse naipe. Algo melhor, estilo Van Helsing. É, não deixa de ser um jogo legal, apesar de fazer um péssimo trabalho em explicar a história e se deter em combates que logo se tornam repetitivos.
Que tal meramente todos os filmes de Steven Spielberg? Alguém duvida da direção cinematográfica dele? E, no entanto, o game que tem a ver com ele que mais me divertiu foi Boom Blox, que nada tem a ver com qualquer filme (Steven que projetou o jogo). Que tal os Indiana Jones? Curiosamente, as versões Lego ficaram demais. Assim como Star Wars. No caso de Indiana, também de Spielberg, os outros jogos da série são, com muita boa vontade, passáveis se tanto.
Star Wars é um exemplo raro de filme que converteu bem para os games, mas volto a dizer: tirando as versões Lego, os games da série totalmente baseados nos 6 filmes (aqueles que levam o nome do filme no título) foram alguns dos mais fracos. Há, contudo, tantos games de Star Wars que mesmo assim não chega a ser muito um problema: Star Wars Phantom Menace para PC é até divertido, mas não cata Star wars Battle for Naboo, uma releitura do episódio, e Racer, baseado apenas na sequência de corrida do mesmo filme. Star Wars Clone Wars tem 300, mas nenhum que se aproxime de Knights of the Old Republic, lançado mais ou menos na mesma época.
E Star Wars Revenge of the Sith nem sonha em se equiparar a... bom... a quase nada, para dizermos a verdade. Isso para não apelar para as conversões de filmes mais antigas, que eram aquela beleza. Divertiam só porque qualquer dois player games em um Super Nintendo já era motivo de diversão. Sabe, parando para pensar, acho que a melhor conversão de toda a história de um filme para um game foi Goldeneye 007, para N64. A Rare era monstruosa naquela época, dava gosto de ver os games dela... Conker que o diga...


Como se pode ver, naquela época as explosões dos games imitavam com fotorealismo as vistas na série de TV. Por isso que ninguém reclamava dos gráficos.



Pra você ver: é estranho como livros costumam virar jogos melhores que filmes o fazem. Claro que se não fossem os filmes para dar aquela forcinha, Harry Potter, Eragon, Lord of the Rings etc. etc. etc. talvez não tivessem saído do papel. Mas não é lei: um dos games mais surpreendentes da atualidade foi concebido no século XIV.

Não, quê!? É sério! P****, para de rir e me ouve, ca****! Dante's Inferno! A Divina Comédia, escrita por Dante Alighieri, foi a base para esse game. P****, quantos games você vê andando pela rua com base em um poema medieval? Sim, tem lá os seus defeitos, e sim, eu nunca vi um game andando na rua, mas mesmo assim, Dante's Inferno merece muito mais destaque do que essas cópias baratas de super-heróis feitas às pressas só pra embarcar na onda de algum filme. Os Incríveis virou um game de chorar de ódio... bom, era para criancinhas, afinal...

Mas não só filmes têm dificuldade pra virar jogo. Animes também penam, e viram essas coisas "flindas" que são as toneladas de Bleach e os milhares de Naruto que infestam as prateleiras das logas como clones ninjas das sombras, ocultando os outros jogos. Não que os games do Naruto sejam riuins em si, só são clones um do outro, com pouco a acrescentar. A luta é estilosa, mas para quem já fechou o 1, o 2, o 3, o 247, o Shippuden Ultimate Avassalator Anihilator ShidoribuchintoHazenganmeikamehameha Ninja Eternal Absolute Infinite 17 e todos os outros, chega uma hora em que você diz "mas eu já fiz isso nos vinte e nove jogos anteriores! Por que eu preciso bater em você de novo, cara malvado que era bonzinho e segura estilosamente a katana enquanto dá choques que nem uma torradeira quebrada? Eu também Já vi a sua forma super-demônio-sem-noção, e já bati nela também. Vinte e nove vezes. Cadê as novidades? Ah, mais 1 personagem novo e duas roupas alternativas pro Charuto? Tô fora".


À esquerda, com a cara satisfeita: "Por favor, não me diga que eu fui transformada em um video gam... ah, meleca."
















À direita: Hell Girl pedindo a Deus que isso seja só mais uma brincadeira sem graça do Keitava de primeiro de abril. É, Enma: bem vinda ao inferno.



Eu fico imaginando o porquê disso. Cada vez mais ouvimos falar em jogos que mais parecem fílmes, e eles são bem-vistos. E jogos passados para filmes tendem a não ser tão traumáticos assim. Claro, muitos são uma piada do que se vê nos games, como os filmes de Mortal Kombat e de Street Fighter. Mas há alguns que... bem... Bom, há Resident Evil, cuja trilogia para o cinema foi... ah... certo, foi um caco. Tomb Raider foi apenas um pouco melhor. E esperamos sinceramente que Prince of Persia seja algo a que se lembrar (positivamente). Os filmes do Mario também eram piadas, os de Pokémon (sim, eles começaram como jogos) eram até que muito bons para quem era fã da série. Silent Hill foi outro filme bem produzido, mas que simplesmente não pode ser comparado em qualidade à série. E o que dizer de Final Fantasy VII Advent Children então (o outro, Spirit Within, a gente ignora com prazer)? Basicamente, os jogos que tentaram manter a essência do filme saíram umas tristezas, e vice-versa. Para não dizermos que todos os que tentaram inovar se deram bem, há uma série de exemplos. Mas e os que se contentaram em imitar a obra da outra mídia? Os filmes que tentaram imitar os games saíram "aceitáveis", para os padrões hollywoodianos atuais de explosões e etc. Mas e o contrário? Dificilmente seria verdade.




"-Cara, vem cá! Uns camaradas lá tão dizendo que você é aquele cara do Heavy Rain! É sério?! Meu, eu curti muito o teu jogo, cara! Parece filme, cara! Mas eu posso fazer o que eu quiser!
-Sério? Legal. Agora podemos ir logo pra parte em que você me mata?
-Por quê? Agora não era a parte onde você corta o dedo com a tesoura?
-Chega de spoilar o game, pô! E não, não é com... ah, me mata logo."


Eu tenho uma teoria para isso: games não existem apenas com gráficos, sons e história, como os filmes (claro, estamos sendo simplistas. Há muitos outros fatores que entram aqui). Há algo mais, e não estamos falando de jogabilidade - que é importante, mas também é óbvio (e, se serve de consolo, a jogabilidade de Iron Man para PS2 é até que boa, o que não salva o resto). Todo jogo deve pegar esses fatores e se perguntar "e daí? Como isto tudo vira um game?". É assim que o jogo do Hulk se tornou, na verdade, mais para um GTA controlando um bicho verde superpoderoso do que um desses jogos de fases feitos a partir de filmes, do estilo "passe pelos cenários do filme e faça exatamente as mesmas coisas que o filme, mesmo sem saber porque". Goldeneye também fez isso: em vez de usar a jogabilidade dos video games para promover a história do filme, ele usou a história de desculpa para se focar em um game profundo em termos de jogabilidade FPS, divertido e altamente variado.
O que não dá é se pegar uma história de filme e tentar transpô-la exatamente para os games, dizendo ao jogador "toma, este é o jogo do filme. É um jogo, onde você controla o personagem na tela, mas você tem que controlá-lo exatamente como aparece no filme, senão é game over". Droga, e cadê a liberdade para se tomar as próprias decisões, característica que, na verdade, define os video games? Pense: o que é um game, além de um filme onde você pode escolher como quer que ele seja apresentado? Tirar esse poder do jogador, com aquelas fases mal-feitas e lineares, objetivos escancaradamente definidos como um ponto vermelho ardendo em seu mapa e clamando por sua alma píxelada, afora toda a desestruturação da trama que as companhias de games fazem porque, afinal, a trama já está no filme, basta assistí-lo e você saberá do que se trata... Fazer isso é reverter os games ao seu estado de filmes. Com um senão: sem história, sem gráficos à altura do realismo cinematográfico e sem a graça de ver a ação se desenvolvendo em detalhes. A emenda fica pior que o soneto.

Por isso, se é para fazer um livro, deve-se seguir um dado formato, não para padronizar a obra, mas para que ela de fato tenha coerência. É como querer narrar algo num livro supondo que o leitor esteja vendo o que você diz. Tirar a liberdade do jogador é como tirar as descrições do rádio. É tirar as explosões dos filmes de hollywood, ou querer passar um filme sem imagem, apenas com som. Descaracteriza-se o meio. Não é só questão de jogabilidade, é questão de liberdade. Games não são "filmes para se controlar" apenas. São, por assim dizer, filmes para se decidir o que fazer. Nem que essa decisão seja sair destruindo tudo em vez de prosseguir na história. A decisão é sua, pelo menos. Nos games, deve-se fazer algo quando se tem vontade, não quando se é obrigado pelo roteiro do cineasta que não tem nada que ver com o assunto. É isso o que falta a grande parte das produtoras de games baseados em files entender.

Anote as minhas palavras: É absurdamente provável (só não digo que vai acontecer com certeza porque não sou vidente) que não será neste, nem no próximo jogo de filmes de super-heróis que as produtoras entenderão que, mais do que controlar os raios de sei-lá-o-que-azul da armadura do Iron Man, queremos controlar o homem, a lenda, o polígono por baixo dela. Queremos o poder de decisão sobre a personagem, não só sobre o dedo do gatilho dessa. Desculpem empresas de filme, mas se é pra fazer um jogo, e um decente, vai ter que liberar geral. E tenho dito.



Falou.

Um comentário:

Keitava disse...

Sabe o que é o pior de tudo? O que me deixa mais infeliz em toda essa informação compilada? Eu não acho que será daqui a 2, 3 ou 30 jogos de filmes que as produtoras vão entender. Eu acho que vai demorar uma eternidade, porque apesar de tudo, a massa do público gosta. Não consigo compreender o motivo, mas gosta.

Vi o Batman: Arkham Asylum pra Xbox e fiquei impressionado com os gráficos e movimentos (olha só! Parece filme!!!), e as cinematics do jogo, as poucas que vi, ainda pareciam um filme (mas com aquele inegável toque de cinematic. Aquela que mesmo parecendo um filme, você pensa "isso é de game"), mas pareciam ótimas. Acho que o jogo é um ótimo jogo, e mesmo que eu não vá jogar, ficaria satisfeito que fosse, mas... Sabe? Sempre tem aquela dúvida. Se for um bom jogo, um ótimo jogo, lamento, mas quando Arkham Asylum for um filme de verdade (eu diria que será, sem dúvidas), espero que não decepcione ninguém.

E EU gostaria que a Enma Ai em um jogo fosse uma piada. Ficaria feliz de fazer essa PIADA sem graça. O mundo é cruel, seja bem vinda ao inferno, Jigoku Shoujo.

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